Foi o que ouvi de uma senhora que descia a
escada rolante de um supermercado empurrando um carrinho com as suas compras.
Na escada ao lado, eu subia empurrando o meu pensando o que iria comprar.
Naquela mesma semana fui a uma consulta com um nutricionista e já estava na
guerra psicológica para não entrar em uma neura alimentar.
Aquela mulher estava olhando para mim, quando
falou a curta anedota logo pela manhã. Acho que eu deveria estar realmente com
cara de quem dialogava comigo mesmo sobre “Comprar, ou não comprar? Eis a
questão!” um saco de batatas fritas, sorvete e embutidos, ou ingredientes para
uma salada, carne branca, pão integral e frutas.
Continuei andando e logo fiz uma analogia com
a atual situação brasileira. Crise econômica; desvarios políticos. Cortes,
demissões, aumento dos preços de tudo e mais um pouco. Uma sensação de guerra
fria, talvez! E, como se não fosse suficiente, talvez para dar um intervalo nos
assuntos insistentes da mídia, surgem denúncias de discriminação racial que
atrizes como Taís Araújo e Sheron Menezzes vêm sofrendo nas redes sociais. Não
as menciono por serem globais, pois outros profissionais, pessoas famosas,
esportistas e até mesmo anônimos vêm enfrentando isso.
A questão não é quem está sendo a vítima. O
fato é ainda existir tão pequena atitude de quem acha que tem o direito de
dominar o mundo por ter uma cor, cabelo, religião, procedência melhores, além
de usar xingamentos xucros. É uma pena! Não acredito que somos um cabelo, uma
barriga, uma perna ou uma bunda; não somos o resultado do que o bisturi faz; nem
somos uma cor, ou uma religião; tampouco somos uma frustração, ou um insucesso,
um acaso. Acredito que somos o que está dentro de nós. Somos emoções, somos
vontades, somos anseios e sonhos. Somos doação. Somos pessoas. Somos
construção. Somos passageiros, inclusive. É uma pena vivermos em um momento tão
inteligente, de tantas descobertas, mas com tanta gente subindo em detrimento à
descida de outras. Tantos preconceitos de todos os tipos e tanta agressão de todos os modos. Pois que percam tempo tentando projetar a sua pequenez e
frustração humilhando os outros.
Ganharei meu tempo admirando “Eu sou neguinha”,
composta por Caetano Veloso e lançada em 1987. Uma letra filosófica que, ora
mostra uma crise de identidade, ora mostra uma revolução do ser que descobre o
valor da sua raça e seus movimentos no tempo e no espaço. Para defender esta
causa, segue uma bela interpretação de Vanessa da Mata na cidade histórica de
Paraty, no Rio de Janeiro. Dança, Vanessa, e mostra a beleza desta raça!
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