terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Deus me defenda da minha "macumba"


            Após um bom tempo, ouvi novamente na rádio a canção “Reza”, composta por Rita Lee e Roberto de Carvalho. De melodia leve, nada deprimente, a letra se torna simpática pelo jogo de verbos e substantivos que formulam a guerra que o “eu” da canção enfrenta ao desejar ser livre do “outro”, mas ao mesmo tempo querer o contrário.
O pedido para que Deus proteja, defenda, salve, ajude, imunize, poupe da inveja, macumba, praga, raiva e do veneno do destinatário desse jogo melódico me causou um questionamento. 
Já parou para pensar quantas vezes somos os corretos, mais experientes e bem resolvidos, em detrimento à pequenez e ao erro de um segundo, ou um terceiro? Se um relacionamento não deu certo, a culpa não é nossa. Uma amizade azeda parte do limão alheio. O louco está lá, não aqui. O espelho só nos serve para pentearmos os nossos cabelos (para quem ainda os tem) e mostrarmos diante daqueles que não se enxergam. Não nos enxergamos, em quase todo tempo.
            Nos períodos, quando comemoramos o final de mais um ciclo, e o início de um novo, a tendência é apostarmos em mudanças. Listas com tópicos das tomadas de decisão por uma dieta e um corpo melhor, por um curso, outro emprego, entrar em um relacionamento, ou optar pela solteirice, ter um encontro espiritual, pintar a casa, adquirir novas roupas, ler mais e ganhar mais dinheiro normalmente estão em destaque.
            Em contrapartida, decidir julgar menos, ser mais atencioso, cuidar mais de alguém, dar mais carinho em vez de presentes, falar palavras que borbulham as boas sensações do ego durante o dia inteiro, ser menos agressivo, perdoar, se doar, olhar com ternura para, seja lá quem for, como uma pessoa que também tem seus sentimentos e emoções dificilmente estão nas nossas listas.
             De quem é a "macumba", então?
             Feliz recomeço para nós! 



              

14 comentários:

  1. Que leveza, que beleza! Show! Parabéns!

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  2. Um convite à reflexão, um confronto ao nosso Ego...Abraços!

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  3. Verdade... sempre esquecemos que a mudança deve partir de nós. Ela acontece de dentro pra fora.

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  4. Uma bela reflexão. Esse paradoxo estabelecido dentro das relações continuam a nos motivar nessa busca por nós mesmos.

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  5. Bom dia caro amigo irmão, você deu vida ao que guardamos na gaveta.

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  6. Tenho que repetir o primeiro comentário: "Que leveza, que beleza..." Parabéns!

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  7. Inteligente, simples e envolvente. Belo texto, Paulo!

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  8. Muito bom os seus textos professor...Parabéns

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  9. Belo texto, Paulinho! Por um novo olhar crítico nas relações. :*

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  10. Que olhemos o outro com mais ternura! Amei! Me esforcarei pra fazê-lo!

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  11. Quero olhar o outro com mais ternura em 2016! Feliz ano Novo Paulo

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