Não temos noção de como várias situações e
coisas em nossas vidas são efêmeras, passageiras, até o dia em que as perdemos.
Perdemos pessoas e somente aí atribuímos a elas um real valor, pois enquanto
estavam conosco isso parecia não existir.
Esse texto não veio em má hora em minha vida.
Não perdi ninguém, ou nada. Simplesmente ouvi a canção “Efêmera”, da artista
Tulipa Ruiz, cujo embelezamento poético nos convida a refletir acerca da
possibilidade de aproveitar um pouco mais o tempo, as pessoas e as coisas que
passam por nós num simples piscar d´olhos.
Somos prisioneiros do desvario cronológico
criado por nós mesmos: a pressa. Prisioneiros de um sentimento corrosivo e
cancerígeno domesticado por nós mesmos: a mágoa. Escravos da competitividade,
dos julgamentos e preconceitos. Crescemos frequentando uma escola de vida que
nos ensina a ser melhores que os outros, não importando o preço a pagar. Pedra
na cor que não é minha; chute na fé que condeno; água fervente no cabelo
crespo; porrada nos trejeitos; tiro de
largada para a corrida dos seres superiores.
Quanta loucura!
O efêmero vai continuar passando, pois para
isso foi responsabilizado. E nós? Será mesmo necessário perder tudo para
olharmos para trás e desejarmos ficar mais um pouquinho?
“Vou ficar mais um pouquinho para ver se
acontece alguma coisa nessa tarde de domingo. Congela o tempo pr´eu ficar
devagarinho com as coisas que eu gosto e que eu sei que são efêmeras e que
passam perecíveis, que acabam, se despedem, mas eu nunca me esqueço”. O tempo não para, como diria Cazuza. O tempo
é hoje! A oportunidade é agora! Há a escolha de continuar na evolução da
descoberta para a qual a canção de Tulipa nos remete: O recomeço!
Maravilhoso texto. Elogiar o trivial, valorizar o obtuso, não subestimar o ordinário é de uma urgência incalculável para uma alma superficial e rasa como a alma de 2015.
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