quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O valor do efêmero


Não temos noção de como várias situações e coisas em nossas vidas são efêmeras, passageiras, até o dia em que as perdemos. Perdemos pessoas e somente aí atribuímos a elas um real valor, pois enquanto estavam conosco isso parecia não existir.
Esse texto não veio em má hora em minha vida. Não perdi ninguém, ou nada. Simplesmente ouvi a canção “Efêmera”, da artista Tulipa Ruiz, cujo embelezamento poético nos convida a refletir acerca da possibilidade de aproveitar um pouco mais o tempo, as pessoas e as coisas que passam por nós num simples piscar d´olhos.  
Somos prisioneiros do desvario cronológico criado por nós mesmos: a pressa. Prisioneiros de um sentimento corrosivo e cancerígeno domesticado por nós mesmos: a mágoa. Escravos da competitividade, dos julgamentos e preconceitos. Crescemos frequentando uma escola de vida que nos ensina a ser melhores que os outros, não importando o preço a pagar. Pedra na cor que não é minha; chute na fé que condeno; água fervente no cabelo crespo; porrada nos trejeitos;  tiro de largada para a corrida dos seres superiores.
Quanta loucura!
O efêmero vai continuar passando, pois para isso foi responsabilizado. E nós? Será mesmo necessário perder tudo para olharmos para trás e desejarmos ficar mais um pouquinho?
“Vou ficar mais um pouquinho para ver se acontece alguma coisa nessa tarde de domingo. Congela o tempo pr´eu ficar devagarinho com as coisas que eu gosto e que eu sei que são efêmeras e que passam perecíveis, que acabam, se despedem, mas eu nunca me esqueço”. O tempo não para, como diria Cazuza. O tempo é hoje! A oportunidade é agora! Há a escolha de continuar na evolução da descoberta para a qual a canção de Tulipa nos remete: O recomeço!  

Um comentário:

  1. Maravilhoso texto. Elogiar o trivial, valorizar o obtuso, não subestimar o ordinário é de uma urgência incalculável para uma alma superficial e rasa como a alma de 2015.

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