Na semana em que se comemora mais um
aniversário do escritor carioca Euclides da Cunha (1866-1909), conhecido por,
dentre outras obras e atuação, ser o autor de Os Sertões, obra escrita quando
foi enviado ao sertão baiano para cobrir a Guerra de Canudos, uma de suas citações
circula em vários sites e redes sociais: viver é adaptar-se.
Logo me vêm à mente questionamentos acerca da
consciência dessa adaptação frente aos estranhamentos da vida.
Não é necessário ir ao Sertão do Nordeste,
espaço real e físico, para perceber a necessidade da adaptação que precisamos decidir
enfrentar, se quisermos evoluir e amadurecer.
O “Sertão”, o “sertanejo”, a “guerra”, a “fome”,
neste contexto, podem representar imagens metafóricas para os símbolos que nos
rodeiam cotidianamente. Em meio ao acelerado estilo de vida, de produtividade e
competitividade, com as cabeças baixas para dar conta das informações que
enchem as telas de nossos smartphones e
tablets não sobra tempo para perceber
o outro. Parece não haver espaço para pensar a respeito do que sente fome real,
ou do que sente desejos, necessidades de ser ouvido, tocado; não nos resta
tempo para perceber que alguém lá fora precisa mais do que nós daquele sapato
que não nos serve mais.
Há quem padeça e desfaleça em leitos de
hospitais e instituições de apoio (antigos asilos) sem receber uma visita. Nas
instituições de acolhimento (orfanatos) há crianças e adolescentes diariamente
olhando para o portão na esperança de encontrar um pai e uma mãe.
Mas não é necessário irmos tão longe. Ao
nosso lado, ao nosso redor, há quem padeça da necessidade (consciente, ou não)
de encontrar/desencontrar alguém que cuide, ou alguém de quem possa cuidar.
Parece que estamos nos esquecendo de uma
vivência que está à margem, não no centro. O que é viver nessa adaptação? O que
é adaptação? No momento, a resposta mais honesta é: nos fechar para a
realidade, nos isolar em ilhas emocionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário