quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Viver é adaptar-se!



Na semana em que se comemora mais um aniversário do escritor carioca Euclides da Cunha (1866-1909), conhecido por, dentre outras obras e atuação, ser o autor de Os Sertões, obra escrita quando foi enviado ao sertão baiano para cobrir a Guerra de Canudos, uma de suas citações circula em vários sites e redes sociais: viver é adaptar-se.  
Logo me vêm à mente questionamentos acerca da consciência dessa adaptação frente aos estranhamentos da vida.  
Não é necessário ir ao Sertão do Nordeste, espaço real e físico, para perceber a necessidade da adaptação que precisamos decidir enfrentar, se quisermos evoluir e amadurecer.
O “Sertão”, o “sertanejo”, a “guerra”, a “fome”, neste contexto, podem representar imagens metafóricas para os símbolos que nos rodeiam cotidianamente. Em meio ao acelerado estilo de vida, de produtividade e competitividade, com as cabeças baixas para dar conta das informações que enchem as telas de nossos smartphones e tablets não sobra tempo para perceber o outro. Parece não haver espaço para pensar a respeito do que sente fome real, ou do que sente desejos, necessidades de ser ouvido, tocado; não nos resta tempo para perceber que alguém lá fora precisa mais do que nós daquele sapato que não nos serve mais.
Há quem padeça e desfaleça em leitos de hospitais e instituições de apoio (antigos asilos) sem receber uma visita. Nas instituições de acolhimento (orfanatos) há crianças e adolescentes diariamente olhando para o portão na esperança de encontrar um pai e uma mãe.
Mas não é necessário irmos tão longe. Ao nosso lado, ao nosso redor, há quem padeça da necessidade (consciente, ou não) de encontrar/desencontrar alguém que cuide, ou alguém de quem possa cuidar.

Parece que estamos nos esquecendo de uma vivência que está à margem, não no centro. O que é viver nessa adaptação? O que é adaptação? No momento, a resposta mais honesta é: nos fechar para a realidade, nos isolar em ilhas emocionais.  

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