Muito facilmente encontramos pessoas que dizem não acreditar em
Deus hoje em dia. Pudera! A comercialização deste Ser, e a banalização feita
com o nome dele em todas as esquinas e canais de televisão dificultam qualquer
mortal a decidir “gastar” tempo concebendo a imagem desta “Persona non grata”!
Conversas com alguns
que doam seu tempo e devoção a um Criador que vive de cara feia, com um cajado
na mão, bravo a maior parte do tempo e com quem não se pode ter uma conversa
franca foram as minhas motivações para pensar esse tema.
O tipo de relação
com Ele é folclórica! O que as instituições religiosas procuram incutir em
nossas mentes desde crianças é aquele “Papai do céu que castiga”. Sim! Pune por
questões que nem mesmo sabemos que existem, ou muito menos sabemos explicar.
Estamos “errados” por sentir desejos. Mas por
qual motivo nascemos com desejos naturais, se nem mesmo podemos senti-los? Não
devemos falar determinados segredos e intimidades para Ele, pois o patamar de
santidade e distanciamento em que se encontra é muito formal e inacessível.
Então por qual motivo precisamos falar com Ele em orações, senão pelo fato de
criar um laço de liberdade e amizade? Não se pode questionar coisa alguma.
Falar sobre partes do nosso corpo? Jamais! Haja pecados!
É bem mais fácil confidenciar o mais profundo
da alma a semelhantes nossos, em vez de se imaginar abrindo o jogo para alguém
que cospe fogo e fumaça pelas narinas como representação e prova de nossa
pequenez.
É bem mais fácil trocar de roupas diante de
íntimos nossos, do que se imaginar desnudo diante de quem pune a nudez.
É bem menos complicado se sentir filho de
qualquer um que nos ofereça atenção e carinho, do que de um Ser que cruza os
braços quando estamos confusos com nossos próprios pensamentos e vontades.
Ensinaram-nos a ter uma relação com um
monstro!
Uma das crônicas que tentam desmistificar
esse folclore é “Um deus que sorri”, de Martha Medeiros. Diz a autora no livro Liberdade Crônica, de 2014 : “Eu
acredito em Deus. Mas não sei se o Deus em quem acredito é o mesmo Deus em quem
acredita o balconista, a professora, o porteiro. O Deus em quem acredito não
foi globalizado...Meu Deus é discreto e otimista. Não se esconde, ao contrário,
aparece principalmente nas horas boas para incentivar, para me fazer sentir o
quanto vale um pequeno momento grandioso...”.
O cotidiano em si já traz pesos suficientes
para suportar e leões em demasia para matar. Não há necessidade de criarmos
mais monstros. Chega de domesticá-los!
É tempo de provar de um Deus que sorri!.
Bom dia, Paulo.
ResponderExcluirA cada novo texto você revela mais de si e isso é um elogio ao autor.
Apenas para debater, acho que há uma distinção clara entre Deus -construto social-, utilizado ora como máquina de dinheiro, ora como inquizitor, ora como um amigo para alimentar meu ego, e o verdadeiro Deus, - criador.
É necessário, na minha humilde visão, conhecer mais de Deus para assim construirmos uma relação de intimidade e liberdade com Ele.
Nada irá trazer esse relacionamento que não a decisão própria e a busca intelectiva dos seus ensinamentos. E ainda assim a máxima socrática estará presente: não se saberá tudo acerca de Deus.
Somos humanos e nossos conflitos não devem ser jogados "na conta" de Deus. Podemos encontrar refúgio Nele, na sua palavra, mas a linha da crítica é muito tênue: afinal aqui na Terra falam "por Ele", dizem "falar em nome Dele" etc. São humanos os que fazem a religião. Por isso as falhas! Nisso, por fim, insisto que o único caminho é o próprio Cristo. Se você abrir seu coração para conhecer mais, com certeza muitas respostas virão: algumas serão como belos sorrisos, com aroma agradável, porém outras serão avisos duros e até punições. Faz parte!
Abs. de seu amigo
José Wellisten
José só chega botando pra quebrar nos comentários!
ExcluirJosé só chega botando pra quebrar nos comentários!
ExcluirQue ótimo texto Paulo
ResponderExcluirSim, meu Deus sorri! Muito boa a crônica.
ResponderExcluir👌
ResponderExcluirQue bonita é sua relação com "Aquele que sorrir"
ResponderExcluirQue Ele esteja sempre te dando um fardo leve... Que te dê a paz, mansidão... Sentimentos urgentes em tempos de ódio, intolerâncias e radicalismos
Abraço forte Paulo.
Paulo, que texto maravilhoso. Adoro a forma que você fala sobre Deus sem repetir o discurso clichê cristão. Trazendo um vocabulário real, não aquele que circula apenas no meio gospel. Adorei também a relação com a crônica de Marta Medeiros.
ResponderExcluirPor muito tempo esse deus construído pela ganância do fariseu que vive em mim e arquitetado pela maldosa ambição do hipócrita que se esconde em minhas entranhas foi o meu amo. Sofri de mais neste capítulo de minha jornada. Por fim, fui encontrado pelo Deus que sorri. Ainda bem! Ele foi tão misericordioso comigo, parecia ser um de nós. Me compreendeu e mais do que isso me ajudou a compreendê-lo. Me compreender é fácil. Treta é compreendê-lo.. Ele me ajudou nisso. Vestiu-se de carne e osso, submeteu-se à vida que passa. Por fim, antes que eu perguntasse ele me disse seu nome: Me chame de ABBA. A vida ganhou finalmente sentido. Claro que continuei construindo meus próprios deuses e forjando divindades grotescas de acordo com minha predileção, ainda assim Ele continuou teimosa vindo, me destruindo, me recompondo e dizendo: Me chame de ABBA.
ResponderExcluirParabéns pelo texto tão honesto e preciso.