sábado, 28 de janeiro de 2017

Educação e O Sorriso de Monalisa: o ideal do outro!

   Em Londres, na década de 60, Jenny (Carey Mulligan) divide seu tempo entre os estudos secundários, a pressão dos pais para ingressar em uma boa universidade e sua paixão pela música. Ao conhecer David (Peter Sarsgaard), um homem sedutor que tem os mesmos gostos que ela, Jenny deixa se levar pelo amor e recebe uma lição pouco convencional sobre a vida.
No filme “Educação”, de Lone Scherfig, vimos as primeiras experiências de uma jovem de 16 anos ao conhecer uma parte da vida além dos muros de sua casa e da escola. Conhecer um homem mais velho, mais experiente e que foge dos padrões sociais burgueses daquela época; experimentar o cigarro, roupas, maquiagem e penteados de mulheres ousadas; ter a sua primeira experiência sexual; ir a night clubes; tudo isso parecia o modelo de liberdade ideal para aquela jovem.
Os conflitos se iniciam quando Jenny, ao ser confrontada pelos seus cuidadores (os seus pais, uma de suas professoras e a diretora da escola), opinam com o discurso, aparentemente repressor, a respeito do estilo de vida levado pela garota, que fugia cada vez mais dos padrões impostos pelas instituições sociais (família e escola, por exemplo) à época.
Os discursos do ideal, principalmente dentro da escola conservadora, e de uma de suas professoras, são muito marcantes quando tentam incutir em Jenny o seu desvio de conduta e afastamento do sonho de ingressar na universidade.
Jenny, por sua vez, vai deixando cada vez mais explícito que o seu ideal de vida, encontrado em David, satisfaz os seus desejos e a torna uma mulher libertária. Isso fica muito claro em algumas cenas que mostram a jovem afirmando querer viver em Paris, usar roupas pretas, fumar, usar perfumes channel, passear de carro esporte e frequentar leilões.
O mesmo processo discursivo é encontrado no filme “O Sorriso de Mona Lisa”, dirigido por Mike Newell, que tem como personagem principal a nova professora de artes, Katherine Watson (Julia Roberts), de uma escola feminina e conservadora da década de 50, nos Estados Unidos.
A professora solteira, libertária, traz os seus pontos de vista, baseados em suas experiências de vida, para um ambiente conservador, cuja finalidade era formar mulheres ideais para o lar, como donas de casa, esposas e mães equilibradas na etiqueta e bons modos sociais.
Os conflitos se iniciam quando as alunas, “engessadas” pela cultura da época, enfrentam os discursos oponentes da professora ao incentivá-las a sonhar ingressar em boas universidades, contrapondo o padrão de vida de dona de casa e esposa ideal. 

Em ambos os filmes, as situações reais da vida se apresentam às jovens estudantes, quando descobrem que os homens, escolhidos para ser seus, não eram exclusivos. Descobrir as traições, a existência de amantes, ou outras famílias, parece por em xeque dois discursos: o das professoras que as incentivavam escolher ingressar em universidades, uma vez que ainda não era algo tão comum para mulheres à época; e o discurso do conservadorismo burguês das instituições sociais.
A grande questão que aparece nas duas obras é a visão de ideal do outro. Até onde é perigoso, ou sábio, seguir o ponto de vista do outro? Os enfrentamentos daqueles que se dizem conservadores diante dos libertários são uma forma de proteção? Se sim, quem se protege de quê, e de quem? Viver protegidos sob o ideal do outro forma a nossa identidade e subjetividade?
Parece que o sistema de vida é o resultado da mescla dos discursos oponentes: o que se diz conservador, protetor e ideal aos padrões; e o discurso que se diz aberto, alternativo e livre. No entanto, tudo depende do ponto de vista. Ou não! Quem sabe? 

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