quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Julieta: passado e reconciliação!

O recém-lançado filme do diretor espanhol, Pedro Almodóvar, narra a história de Julieta, interpretada por Adriana Ugarte (Julieta jovem) e por Emma Suárez (Julieta adulta, mãe). O enredo envolve um misto de experiências com o sofrimento, silêncio, solidão e arrependimentos das personagens que compõem a trama. 
Enquanto jovem, e exercendo a função de professora de literatura grega, Julieta conhece o então futuro pai de sua filha, Xoan, um pescador interpretado por Daniel Grao. Xoan e Julieta se conhecem em uma viagem de trem, onde têm uma experiência sexual que marca a história dos dois enlaçados numa paixão. Xoan, se torna viúvo após um período e, em contato com a jovem que conheceu no trem, a traz para morar consigo enveredando em um bonito romance que resulta no nascimento da filha do casal, Antía.
Após descobrir um caso de Xoan com uma artista plástica, e amiga do casal, o clima naquele instante, como normalmente acontece, fica tenso entre os dois levando Xoan a ir à pesca, quando acontece uma tempestade e ele morre no mar. A continuidade da trajetória de Julieta é ambientada, então, em Madri.
Antía, filha do casal, cresce carregando no silêncio, o sentimento de mágoa por culpar a mãe pela situação. E, após cuidar da própria mãe em seu período de melancolia e depressão, ao completar 18 anos vai embora sem dar mais notícias, o que deixa Julieta, por anos, mais deprimida, confusa e desesperada.
Na narrativa, uma afirmação de Antía muito forte é que todos têm o que merecem. Sendo assim, ao crescer, casar e ter filhos sem noticiar à sua mãe, ela enfrenta uma situação emocional que põe em xeque a sua mágoa e sua vingança silenciosa fazendo com que envie uma carta para Julieta.
Dentre outras lições que podem ser adquiridas ao assistir ao filme, é a reconciliação e o seu poder de restaurar a saúde emocional e, até mesmo física, das pessoas envolvidas. O grande mal do mundo atual é a carência afetiva, que leva o sujeito à depressão, isolamento, e outras doenças psicossomáticas. Além disso, acarreta em um comportamento descontrolado na relação com as pessoas ao nosso redor. O remédio, então, é a reconciliação, oportunidade cedida pela vida como forma de nos colocar frente aos mais complicados obstáculos: confissão, quebra de orgulho e perdão. 

O filme, baseado em três curtas histórias do livro Runaway, de Alice Munro, artisticamente não mostra o fechamento do encontro entre mãe e filha. Mas há como imaginar uma nuvem de ansiedades, mágoas e vazio se esvaindo com o abraço e os beijos de perdão que foram realizados.
A oportunidade da reconciliação é no hoje, no agora!


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