Ao redor do mundo, temos, ao menos, oito calendários de povos distintos: o gregoriano, o Juliano, o chinês, o judaico, o juche, o etíope, o maia e o islâmico. Cada um desses possui significados distintos, de acordo com as crenças de um povo e com a sua cultura. Além disso, não conta os dias e meses do mesmo modo. Ou seja, não estamos “no mesmo tempo” em todos os lugares do mundo. Mas, qual o meu objetivo com essas explicações? Refletir sobre o sentido da felicidade.
No Ocidente, devido à
influência cristã, temos a tradição de encerrarmos o ciclo anual assistindo a
ritos eclesiásticos e/ou nos reunindo em torno da ceia com orações, cânticos,
agradecimentos, trocas de presentes, elogios, além dos planos e promessas que
não deixam de faltar, sejam individuais, ou coletivas.
Acredito na importância
de cada sujeito viver essas experiências. São escolhas, e precisam ser
respeitadas.
No entanto, embora
dediquemos energias e crendices em promessas de “um novo tempo”, acho
necessário entendermos a real noção do que significa felicidade.
A cada novo dia, tenho
aprendido que ser feliz independe da quantidade de conquistas, bens materiais
robustos e marcados. Independe da mudança de carro, de emprego, de salário, de
relacionamento, de plano de saúde, do pagamento do cartão de crédito e da
possibilidade de investimento no Tesouro.
A felicidade depende da
minha interpretação. Posso não ter nada, no entanto, possuir o necessário para
o autoconhecimento e para o equilíbrio. Posso não ter comprado presentes para
distribuir entre amigos e familiares, mas posso ter dado os sinceros e
necessários abraços acolhedores e curativos. Posso ter tocado com carinho o
braço de alguém, a mão, o pé e ter olhado nos olhos dando um sorriso dizendo:
vamos continuar?
Posso ter uma cama
aconchegante, uma TV moderna, o celular recém-lançado, perfumes e bolsas de
marca e mesmo assim adoecer achando que nada tenho. Bem como posso ter paredes
desgastadas e sem pintura em casa, um chão de areia, um colchão velhinho, um
perfume comercial, uma TV antiga e ser a pessoa com o melhor humor do mundo.
A minha mãe sempre me
disse que um dia eu perceberia que os verdadeiros amigos a gente conta nos
dedos das mãos, pois enquanto jovenzinhos achamos serem incontáveis. Posso ter
tantos deles, ou poucos, e ser feliz, ser saudável, ser sorridente.
Posso olhar o sol brilhando
e o céu limpinho todos os dias pela varanda do meu apartamento achando ser um
dia coberto de nuvens escuras. Assim como, a depender da minha interpretação,
verei um dia chuvoso como o melhor para ler um livro e apoiar a mais bela
xícara de café no braço do sofá.
Diante disso, percebo
que o calendário não controla nada. As promessas de nada valem e as listas de
planejamento se tornam inúteis. Posso escolher ser feliz e sorrir em dezembro,
em janeiro, no início ou no final do ano. Talvez no carnaval ou no São João...
Por isso, o que desejo
para mim e, em dobro para quem quiser estar ao meu lado, é “vida, longa vida”,
como diria o Padre Fábio de Melo.
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