sexta-feira, 6 de julho de 2018

O ócio, os aromas, os sabores, as cores!


Uma querida pessoa, a quem passei a admirar em tão poucos encontros de reuniões e trocas de ideias profissionais acabou de se aposentar e, ao compartilhar a novidade, encheu os olhos de lágrimas pela gratidão à vida e por estar frente à frente com o desconhecido.

É hora de se aposentar e, como resultado, veem outras crises, além daquelas já existentes. Isso remete ao fato de ser encarados como velhos, como desocupados, como inválidos ou em final de carreira de vida? Talvez o assunto remeta às intempéries políticas a respeito dos direitos adquiridos, ao longo de um vasto período de contribuição.
É fato que existe uma ansiedade por ter chegado o momento de se deparar com algo grandiosamente novo: parar e não fazer mais nada (daquilo que fazia antes). O medo surge por acharmos que não teremos pessoas ao nosso redor, não dormiremos bem, ficaremos doentes ou não daremos conta de um ócio. Parece tudo pesado, pois não fomos avisados sobre isso. É um sentimento de vazio. Nunca fomos tão desocupados!
Pode ser um (des)conforto aparente por ter pensado em fazer mil coisas, apesar de o tempo investido em outras atividades não ter ainda permitido. Essa é a questão! O tempo, mais uma vez! Essa entidade ditou tantas instruções para atividades cotidianas e produtivas, e agora parece não ter nos preparado para as atividades consideradas improdutivas pela geração acelerada.
Todo esse caminho pode ser uma possibilidade de ponto de vista! Embora isso, também há a ressignificação deste novo amanhecer desconhecido. 


Aromas, sabores, pessoas e cores. O toque. O olhar e os sorrisos. O corpo e a alma sem se esquecer do espírito. Lugares, maquiagem, culinária, cabelos e unhas. As sandálias. Plantas e animais. Livros, músicas, danças, filmes e novelas. Doces, salgados e agridoces. Os cafés, os chás e os bons costumes. Calipso, sereia, Iemanjá, Iara, Maria. Evangelho canônico, apócrifo, espírita. Alcorão. Bahgavad Gita...

Tudo é uma nova porta, uma nova janela, uma nova casa. É o pé na areia de tantas praias. É a percepção de quem se foi, de quem permaneceu e dos novos que virão.
   
Que as crises venham e aconteçam por descobrir que ainda existem tantas possibilidades (im)produtivas!


3 comentários:

  1. Um texto leve, denso e pleno ao mesmo tempo, só poderia ser de uma pessoa tão especial como você. Obrigada pela partilha. Abraço fraterno

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  2. Uau! Que lindo texto, Paulo. Simplesmente frugal! Amei♥️

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  3. Fantástica reflexão! Parabéns!!!

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