domingo, 31 de maio de 2020

Sete dias encontrando motivos para agradecer (Dia 01 – 31 de maio de 2020)



Hoje é domingo. Levantei um pouco mais tarde, bebi um copo com água, tomei banho, lavei os cabelos, vesti outro calção e fui preparar o meu café da manhã.
Parti um pão francês em pedaços, para fazer torradas no forno microondas. Passei um pouco de manteiga neles, um pouco de creme de queijo, coloquei pedaços de queijo coalho sobre eles, azeite e gergelim. Preparei dois ovos mexidos, com as gemas levemente moles. Olhei para as frutas disponíveis na fruteira, mas não quis nenhuma, naquele momento. Enquanto isso, minha cafeteira preparava meu cafezinho matinal. 

Temos um terracinho, na nossa varanda. Uma mesinha com duas cadeiras, um pequeno jardim, a visão para uma pequena parte da rua, em frente ao prédio. Foi ali onde tomei o meu café da manhã, enquanto meu companheiro dormia o sono dos deuses dominicais.
Estava tudo em silêncio. Na verdade, ouvi alguns poucos vizinhos conversando em seus apartamentos. Mas não liguei a TV, deixei o celular no modo silencioso, não estavam passando carros na rua, não havia som de músicas. Fiquei olhando para o céu, pois estava bastante azul, ensolarado e o clima ameno e ventilado.
Percebi a minha respiração. Incrivelmente! Digo isso, porque, no dia a dia, não tenho a prática de ouvir os sons que saem das minhas narinas ao respirar, tampouco a prática de perceber o compasso da minha respiração.
E decidi agradecer, naquele momento silente. Eu estava onde escolhi estar, em um lugar preparado por mim, pude tomar banho, pude trocar de roupas e pude preparar o meu próprio café da manhã. Já pensou nisso? Ter a oportunidade de preparar o que escolher comer, a qualquer momento?.
Foi quando agradeci a mim, à natureza, ao Criador, ao Universo, por ter aquilo que selecionei para me alimentar, em minha própria mesinha da varanda.
Quando percebi o sabor do que estava comendo.
Quando percebi que tenho um corpo ainda independente de ajuda de outrem.
Quando me senti privilegiado por ter aquela diversidade, no meu café da manhã.
Quando decidi procurar mais motivos para agradecer por minúcias do meu cotidiano, em isolamento social.
Foi quando senti que fez a diferença pensar assim.
Hoje, a gratidão é por ti, meu café da manhã. 
https://www.panelinha.com.br/blog/ritalobo/planejamento-cafe-manha

sábado, 30 de maio de 2020

Gratidão aos meus professores, pois a educação é o maior tesouro de que um aluno pode dispor!




(Parafraseando “O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor.” Raduan Nassar – Lavoura Arcaica, 1975)

Paulo Ávila (GEILIM/UEPB)
30 de maio de 2020

Era uma vez...!
E lá se vão 17 anos, desde que entrei no curso de Letras, da UFPB, em João Pessoa. Não acreditava estar sentado naquelas cadeiras duras, pesadas, entre aquelas paredes do CCHLA com tijolinhos à mostra, portas e janelas abertas para sentir um pouco do vento, que nunca entrava.
Assisti a muitas aulas com metodologias ativas baseadas na tecnologia daquela época: retroprojetor, pesado, enorme e com suas folhas de transparências para que alguns conteúdos fossem minimamente ilustrados. Eu ficava com os olhos bem atentos aos tópicos nas transparências, muitas vezes preparadas por quem não tinha coordenação motora para manter o tópico em uma linha reta. Mas como serviram! Gostaria de ter guardado de lembrança umas daquelas folhinhas.
Essas eram as TICs nas aulas que eu recebi: os quadros negros com uma metade branca para os lápis, à base de tinta, ser usados. Meu celular era do tipo Nokia 3310, que só fazia ligações e enviava torpedos, então, meu whatsapp era os bilhetinhos escritos à mão em pedacinhos de papel retirados das páginas dos meus cadernos e das apostilas. As fakenews eram transmitidas nos corredores, enquanto endeusávamos os professores por terem voltado dos seus doutorados. Videoconferência era algo que não fazia parte do meu cotidiano, nem do meu vocabulário. As palestras eram dadas por convidados vindos de todos os lugares, com financiamento dos programas de pós e dos projetos de pesquisa. Como sou grato aos professores que vieram compartilhar conteúdo, e aos que organizaram a vinda deles. Alguns já faleceram. Que época! Eu estava sendo acordado para um mundo complexo, porém, instigante e científico da linguagem.
Após esses 17 anos, enfrento o tempo pandêmico, isolado, com meu companheiro amazonense, ambos com receio de tudo, inclusive, de ir colocar o lixo na lixeira em frente ao prédio onde moramos. Vejo que os comportamentos, mais do que nunca, estão sendo ressignificados. Algumas aulas presenciais, hoje são virtuais. Algumas bancas de defesa e fotos ao lado do orientador, hoje são prints de telas.
Os abraços e os beijos, mais multimodais do que antes!
E a linguagem verbal? Essa se modifica em alta velocidade. Nunca estiveram tão presentes aos meus ouvidos os termos “UTI, entubar, extubar, pulmão, tédio, quarentena, google meet, hang out, desligue o microfone”. Embora tudo isso, algo que não mudou, e, espero não mudar, é a capacidade de elogiar e de agradecer.
Hoje, ao assistir a uma palestra virtual da professora e Deputada Federal Margarida Salomão, ofertada pela ABRALIN, vi alguns colegas e ex-professores interagindo no chat, enviando abraços, beijos e perguntas. Fiquei envolto por tantos sentimentos sobre os meus professores e lembranças da minha formação acadêmica.
Senti o desejo de agradecer-lhes por tanto acolhimento, por tantos puxões de orelha, por tantos textos, fichamentos, resumos, relatórios, livros comprados, orientações. E não poderia faltar a gratidão pelos apertos de mãos e abraços na Praça da Alegria, do CCHLA. A minha gratidão vai a todos os professores e professoras que, de algum modo, estiveram relacionados à minha formação, na graduação e na pós. Mas, gostaria de mencionar alguns que, além das salas de aula, permaneceram de algum modo na extensão da minha vida. 
http://www.sintepe.org.br/site/v1/index.php/component/content/article/89-destaque/4353-educacao-e-liberdade-andam-de-maos-dadas
Gratidão pela Linguística, Mônica Nóbrega; pela Fonética, Dermeval da Hora e Elizabeth Christiano; pelas Línguas Portuguesas, Marianne Cavalcante, Lucienne Espíndola, Evangelina Faria, Maria Cristina Assis e Jan Edson Rodrigues. Gratidão pelas aulas de Redação, Regina Baracuhy; pelas Línguas Inglesas, Elinês de Albuquerque; pelas Teorias da Literatura, Ana Marinho e Amador Ribeiro. Gratidão pela Literatura Brasileira, Wilma Mendonça; pela Literatura Latina, Milton Marques Júnior; pela Filologia Românica, Fabrício Possebon. Não poderia deixar de agradecer pela Literatura Portuguesa, amplamente recheada de curiosidades, Belisa Áurea (hoje, brilhando nas constelações). 
Já na pós, gratidão imensa pelo deleite nas aulas, Maria Ester Vieira, Maria de Fátima Almeida, Maria das Graças Ribeiro, Eliane Ferraz, Márcio Leitão, Regina Celi, Pedro Francelino, Leonor Maia Santos.
Não poderia deixar de distribuir elogios à minha sempre querida orientadora, amiga, conselheira amorosa, Marianne Cavalcante; por ter mostrado como os jardins do mundo acadêmico, mesmo com pedrinhas, são bons para passear e lançar sementes. Sou honrado por escrever este texto contendo seu nome como uma das minhas maestrinas da linguagem. A partir das suas orientações, desde o PIBIC, fui me descobrindo, no sentido amplo. A minha atuação, enquanto profissional da linguagem, é fruto seu.
Por sua influência, também tive a oportunidade de voar (literalmente e metaforicamente) para Campinas/SP, onde pude ser, mesmo por pouco tempo, moldado por orientações da professora Edwiges Morato e por aulas da professora Anna Christina Bentes, na UNICAMP. Gratidão!
Um sentimento imenso de gratidão também à minha outra grande influenciadora, Evangelina Faria, por ter me oferecido a oportunidade de formar professores no Estado da Paraíba pelo PNAIC e pelo SOMA. O professor que sou hoje, também é resultado da fonte das suas orientações e sabedoria.
Ademais, gratidão aos que se tornaram colegas, aos que continuam me ensinando, aos que continuam me aconselhando e orientando, aos que foram chegando como resultados dos grupos de pesquisa e das organizações de eventos.
Que este texto simples, porém, feito com amor e admiração, sirva para reanimar os nossos corações. Palavras não bastam, mas aquecem nossa esperança, nossa determinação e nosso ativismo, em dias difíceis, para que tudo volte logo à “normalidade”, para que continuemos formando por mais 17, 20, 30 anos.