Marília Marzullo Pêra, nascida
em 22 de janeiro de 1943, no Rio de Janeiro, se despede do Brasil e do mundo
hoje, 05 de dezembro de 2015, aos 72 anos. Atriz, cantora, dançarina,
coreógrafa, produtora, diretora, com olhos grandes e boca carnuda trabalhou em
mais de 50 peças, quase 30 filmes e cerca de 40 novelas, minisséries e
programas de televisão.
Cuidadosa com a saúde,
praticante da yoga e do pilates, além de adepta às caminhadas, era elegante, possuía
uma finesse natural e um arquear de sobrancelhas charmoso.
O mais interessante é assistir a
uma entrevista com a própria Marília dizendo que se sentia em uma ostra de tão tímida,
não gostava de lugares barulhentos e só conseguia ser tão comunicativa e
extrovertida quando atuava. Vivia viajando para assistir a espetáculos e óperas
em outros países. Quão chique e poderosa!
Parece que alguns ícones são menos
mortais do que outros. O que quero dizer é que estão sempre ali, atuando, corrompendo
os bons costumes, preenchendo bons espaços midiáticos e artísticos nos trazendo
lições da sétima arte, dentre outras. Percebemos que estão de passagem e têm o
seu tempo estimado, como qualquer outro ser humano, quando recebemos a notícia
de sua viagem ao ouvirmos o seu nome na tevê na primeira chamada do jornal.
Uma das suas atuações das quais
até hoje me lembro, é a interpretação de Juliana, da adaptação que a Rede Globo
fez do romance português de Eça de Queirós. Personagem de peso, a mais complexa e
elaborada de toda a obra, ela impressiona por sua vida interior. Magra, feia,
solteirona, virgem, empregada há muitos anos, sente-se desesperada ao perceber
que não terá meios para deixar essa condição de vida. E Marília Pêra deixa o
seu recado com perfeição na atuação dessa adaptação. Quando grita “Hei de sair,
se eu quiser!” com tanta veemência para Luísa, a sua patroa, me pus a pensar se
Marília disse o mesmo hoje pela manhã, quando se despedia de nós e olhava com a
mesma finesse para o que ficava para trás.
Ela nos deixa o seu glamour, a sua ousadia versátil, a sua
sobrancelha arqueada. Nos deixa a Juliana, a Coco Chanel, a Carmem Miranda, a
Gioconda, Maria Callas, Dalva de Oliveira, dentre tantas quase inumeráveis
atuações. E lições.
Grande pessoa... sentiremos falta dela... :/
ResponderExcluirQue texto inteligente! Eu que sou fã da arte, fã dos grandes artistas de antigamente, fiquei emocionada com o texto! O Brasil precisa de mais artistas como Marília Pêra, Glória Pires, Malu Mader.....onde todas demonstram discrição na vida pessoal e se entregam de corpo e alma a arte, de uma forma linda e delicada! Vá em paz Marília!
ResponderExcluirnem sabia....Aline que me avisou...
ResponderExcluirA sua personagem de Pé na cova era um show a parte. Mas, morrer é uma etapa da vida.
ResponderExcluirMuito bom o texto! Grande perda! =/
ResponderExcluirQue lindoo. Adorei a homenagem. ��
ResponderExcluirThalita maria