Revirando meus
pertences, meus papeis no meu escritório, encontrei um caderninho, cuja capa é
a estampa da Frida Kahlo.
Há textos meus nesse
objeto, que foram escritos em 2016, quando enfrentava uma das grandes crises emocionais
já vividas por mim.
Como sempre, não me
lembro de onde estava, quando escrevi os textos. Apenas em um deles fiz menção a
estar em um voo para Guarulhos/SP. Deveria ser o traslado para algum congresso
na minha área de atuação.
Os textos são densos
emocionalmente, pois se referem a angústias que vivi. Naquela época, já
começava a faxina interior rumo ao autoconhecimento. Por não conseguir
encontrar ainda o equilíbrio, a dor me parecia muito doída. Bem maior do que
realmente era. Questionava o tempo, me zangava com Deus, me incomodava com o
meu corpo, com o meu apartamento, com o silêncio, com o barulho, com as
pessoas. E isso gerava mais ansiedade ainda.
Hoje, 2019, vi o
caderninho e, não sei se por coincidência, ou por escolha do meu inconsciente,
a capa é uma imagem da Frida Kahlo, artista mexicana que teve uma vida
emocional e física bastante esmagada.
Estávamos juntos! Eu
escrevendo em um caderno com ela me olhando o tempo todo!
Nesses três anos que se
passaram, acredito não ter amadurecido tanto ainda. No entanto, vejo que já
consigo acessar espaços em mim nunca visitados antes. Não sabia que existiram
tralhas e mais tralhas: caixas, baús, brinquedos, choros guardados, traumas
encobertos, desejos, medos, vergonhas, nomes esquecidos, nomes sempre
lembrados, noites, dias, funerais, rituais, orações, viagens, despedidas,
toques.
Se alguém me pedisse
para destacar algo que percebo em mim com mais maturidade, eu diria: Hoje,
2019, entendo que as minhas emoções são minhas. As minhas carências são minhas
e ninguém pode supri-las. Mas posso deixar a mendicância distante, lá atrás,
mendigando ela mesma. Sou um homem! Sou forte! Sou bonito por dentro e por
fora!
A faxina levará tempo
ainda para ser concluída. Posso ser honesto? Nem sei se fazendo tantas diárias
ainda conseguirei concluir, um dia, essa faxina. Embora isso, me sinto outro,
por não esperar do outro, não julgar ou culpar ninguém nem a minha história.
Sou quem sou hoje devido à minha história.
Pode doer vez em
quando, mas já não será mais aquela dor maior do que realmente é. Minha alma
está em 2019, não mais em 2016.
"Sou quem sou hoje devido à minha história"! 👏👏👏❤
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